Dificuldade de Concentração? Saiba Como um Médico da Família Pode Avaliar o TDAH

Distração frequente, esquecimento, dificuldade para terminar tarefas ou manter o foco por mais de alguns minutos. Esses sinais, quando persistentes, podem indicar algo além do cansaço ou do estresse do dia a dia. Em muitos casos, eles estão associados ao Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), que pode afetar tanto crianças quanto adultos. O médico da família é um dos primeiros profissionais capazes de avaliar esse quadro com uma visão ampla e cuidadosa.

Dificuldade de Concentração_ Saiba Como um Médico da Família Pode Avaliar o TDAH

O que é TDAH?

O TDAH é um transtorno neurobiológico que interfere diretamente na capacidade de manter atenção, organizar tarefas, controlar impulsos e regular o comportamento. Ele pode se manifestar de forma predominantemente desatenta, predominantemente hiperativa/impulsiva ou combinada, com características dos dois tipos.

Embora muito associado à infância, o “TDAH” pode persistir na vida adulta e, em muitos casos, só ser diagnosticado tardiamente. Quando não é reconhecido, pode gerar dificuldades em diversas áreas da vida: escolar, profissional, afetiva e social.

Sintomas que merecem atenção

Os sintomas do TDAH variam conforme a idade e o contexto de vida do paciente. Em crianças, os sinais costumam ser mais evidentes no ambiente escolar. Já em adultos, os sintomas podem ser mais sutis e confundidos com ansiedade, desorganização ou excesso de atividades.

Entre os principais sintomas estão:

  • Esquecimento frequente de compromissos ou tarefas
  • Dificuldade em manter o foco em atividades longas
  • Procrastinação constante
  • Sensação de “mente acelerada” ou dispersa
  • Perda de objetos com frequência
  • Impulsividade em decisões ou falas
  • Agitação motora ou dificuldade para relaxar

Se esses sinais causam prejuízo à rotina e persistem ao longo do tempo, é importante procurar avaliação médica.

O papel do médico da família na avaliação do TDAH

O médico da família acompanha o paciente de forma contínua, o que facilita a identificação de padrões comportamentais que fogem da normalidade esperada para cada fase da vida. Por conhecer o histórico pessoal, familiar e clínico do paciente, ele está em posição privilegiada para levantar a hipótese diagnóstica de TDAH.

A avaliação começa por uma escuta ativa dos sintomas, com atenção às queixas do paciente e, no caso de crianças, também da família e da escola. O médico busca compreender como os sintomas interferem no cotidiano e há quanto tempo eles estão presentes.

Diagnóstico clínico: mais do que preencher critérios

O diagnóstico de TDAH é clínico e envolve uma análise cuidadosa. Não existe um exame de sangue ou imagem que comprove o transtorno. Por isso, o olhar atento do médico é essencial. Ele considera os critérios diagnósticos atuais, mas também avalia o contexto emocional, social e familiar do paciente.

Além disso, o médico da família investiga possíveis diagnósticos diferenciais, como ansiedade, depressão, distúrbios do sono ou transtornos de aprendizagem, que podem provocar sintomas semelhantes.

TDAH em adultos: o diagnóstico que chega tarde

Muitos adultos chegam ao consultório com queixas de baixa produtividade, sensação constante de frustração e dificuldade para manter rotinas. Alguns convivem com esses sintomas desde a infância, mas nunca receberam um diagnóstico.

Nesses casos, o médico da família pode fazer uma escuta aberta, sem julgamentos, permitindo que o paciente reconheça padrões de comportamento que talvez sempre tenha considerado “normais”. O diagnóstico tardio de TDAH pode, inclusive, ajudar o paciente a ressignificar sua trajetória e buscar novos caminhos de cuidado.

Quando o médico da família encaminha para outros profissionais

O médico da família pode conduzir a maior parte da avaliação e do acompanhamento do TDAH. No entanto, em alguns casos, ele realiza encaminhamentos para neurologistas, psiquiatras, psicólogos ou neuropsicólogos, especialmente quando há necessidade de testes específicos ou comorbidades mais complexas.

Mesmo após o encaminhamento, o médico da família segue como referência de cuidado, coordenando as informações e ajustando o plano terapêutico de acordo com a resposta do paciente.

Tratamento e acompanhamento com o médico da família

O tratamento do TDAH envolve múltiplas abordagens, que podem incluir:

  • Orientações sobre rotina e organização pessoal
  • Apoio psicoterapêutico, especialmente com foco em habilidades executivas
  • Uso de medicação, quando indicado, como psicoestimulantes ou não-estimulantes
  • Estratégias para lidar com impulsividade, procrastinação e baixa autoestima

O médico da família acompanha o paciente em todas essas fases, avaliando a eficácia das medidas adotadas, os efeitos colaterais dos medicamentos e os ajustes necessários ao longo do tempo.

Adaptação da rotina e autonomia no dia a dia

Além do acompanhamento clínico, o médico da família orienta o paciente sobre como adaptar sua rotina para lidar melhor com os sintomas. Isso inclui:

  • Dividir grandes tarefas em etapas menores
  • Usar lembretes visuais e aplicativos de organização
  • Estabelecer horários fixos para atividades essenciais
  • Trabalhar a autocompaixão e evitar o excesso de autocrítica

Essas medidas ajudam o paciente a retomar o controle sobre sua rotina, reduzir o sofrimento e melhorar seu desempenho nas diversas áreas da vida.

O impacto do acompanhamento contínuo

O acompanhamento de longo prazo com o médico da família oferece um espaço seguro para discutir dúvidas, inseguranças e ajustes necessários ao tratamento. Isso fortalece o vínculo, melhora a adesão às estratégias terapêuticas e previne recaídas ou abandono do cuidado.

Esse tipo de acompanhamento é especialmente importante em fases de transição da vida, como adolescência para vida adulta, mudanças de trabalho, períodos de estresse ou após o nascimento de filhos — momentos em que os sintomas do TDAH podem se intensificar.

Vamos conversar?

Dificuldade de concentração nem sempre é desatenção passageira. Quando os sintomas se tornam frequentes e afetam a rotina, vale a pena investigar se há algo mais envolvido, como o TDAH. O médico da família tem papel fundamental nesse processo, oferecendo uma escuta qualificada, avaliação criteriosa e acompanhamento contínuo.

O Dr. Patrick Harris atua com foco em saúde mental, cuidado individualizado e acolhimento contínuo, ajudando pacientes de todas as idades a compreenderem melhor seus sintomas de TDAH e construírem rotinas mais organizadas e saudáveis.

Dr. Patrick Harris

Médico da Família

CRM: 192379

RQE: 92300